calma. é disso que as coisas precisam. que o mundo precisa. que eu preciso. os dias se estendem vagarosamente, mas uma incessante onda de ansiedade me assola, e é como se fossem trezentos mil chocalhos cascavélicos iniciando o suspense do dia seguinte. preciso dizer, preciso escrever, gritar, pegar a tua mão e correr por chãos verdes, sentindo uns pingos de realidade na face. da minha realidade, da nossa realidade. correr, correr, correr. ver as coisas passarem minúsculas; as coisas-insetos que zumbem no eco cerebral, que mordiscam a pele descamada pelo tempo, que sugam meu sangue e meu sonho, mas que se fazem agora marionetes da natureza e existem apenas. sós e apenas. então, porque o mundo se fez de mim e de ti, e eterno se fez nosso tempo, te bendigo e digo, enfim: fecha os olhos, meu amor, e escuta minha voz na tua alma doce, e cante a canção de teus temores e torna meu o teu coração para escrevermos a nossa história tortuosa nas linhas retas da vida que não há de terminar.
